Os anos 1980: Asdrúbal Trouxe o Trombone e o Circo

Sou totalmente geração Anos 80. Ou, como resolveram nos classificar, sou da geração X. Vivi a explosão do rock nacional na minha adolescência. Tive a oportunidade de ver, na minha querida Lins, grandes shows da época, como RPM (em começo de carreira), Titãs, Ira! e Rádio Táxi. E ainda tive a oportunidade de, por várias vezes, ir ao saudoso Projeto SP, na Rua Caio Prado, em São Paulo, para ver shows incríveis como Paralamas do Sucesso, Kid Abelha, Tokyo e RPM (já no seu auge), ou na Latitude 3001, onde vi um show inesquecível da Plebe Rude. Depois que ganhei minha bateria, tocava as músicas de todas essas bandas e muito mais com meus amigos. Das melhores partes da minha juventude.

Apesar dessas boas experiências, isso tudo era esporádico. Cresci em uma cidade de interior, longe dos centros culturais. Mas, sempre lia muito sobre os artistas, sabia o nome de todos os membros de cada banda que gostava, sabia quem tinha mudado de banda (como o Lobão, que era baterista da Blitz, e Charles Gavin, que era do Ira!, antes de ir para o Titãs) e curtia, também, diversos atores e atrizes daquele novo e incrível caldeirão cultural, em programas como Armação Ilimitada e TV Pirata.

Nesse cenário, pra mim, o grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone tinha um status mítico! Saber que dali saiu Evandro Mesquita (de quem sou fã incondicional, como músico e como ator), Patrícia Travassos (atriz, ex-mulher do Evandro e co-autora de diversas músicas da Blitz), Luis Fernando Guimarães e Regina Casé, que eu amava na TV Pirata e nas novelas. Junto com o Asdrúbal, também viajava nas histórias que lia sobre o Circo Voador, como palco mágico de tantos artistas que despontavam na época.

Nem imaginava eu, então, que a vida me levaria a morar no Rio de Janeiro, para onde me mudei no início dos anos 1990. Mas, na época, a Blitz já tinha acabado e tinha entrado no meu rol de shows que sonhava em ver, mas que eram impossíveis. Aí, pra minha felicidade suprema, em 1994, a Blitz não só voltou à ativa, como voltou com a formação original (exceto pela Fernanda Abreu, já em carreira solo de sucesso). Pra melhorar, além de realizar meu sonho de ver o show da Blitz (com participação da Fernanda Abreu, aliás), o show foi no Circo Voador, na Lapa! Indescritível!

E com todas essas memórias vivas é que tive a grata surpresa de descobrir, meio sem querer, que a Netflix disponibilizou um documentário chamado “A Farra do Circo”, que conta a história da criação do Circo Voador nos anos 1980, mostrando toda a efervescência cultural desafiadora daquela época, em que nos soltávamos das amarras do regime militar. O documentário não tem narração, mas apenas filmagens, com entrevistas e matérias da época, incluindo diversas peças e shows realizados naquele local. E, pra minha imensa surpresa e felicidade, o documentário já começa com uma apresentação do Asdrúbal Trouxe o Trombone, coisa que eu nunca tinha visto!

Mais ainda, o documentário traz apresentações da Blitz (ainda com o Lobão na bateria!), do Barão Vermelho, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Paralamas do Sucesso (tocando Veraneio Vascaína, famosa pelo Capital Inicial), dentre outros.

Então, na verdade, e considerando que me parece não haver muita divulgação, o objetivo maior desse post é recomendar a todos, especialmente àqueles que viveram os anos 1980, que assistam a esse documentário incrível!

Pra facilitar, segue o link direto do documentário: https://www.netflix.com/watch/81410457

E viva a geração X!

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