Temas musicais de relacionamentos que terminaram com esperança

Ao contrário das músicas que apresentei no post anterior, algumas músicas falam sobre finais de relacionamento de uma forma positiva. Claro que não significa que o narrador está feliz com o fim do relacionamento, mas, sim, que encara esse momento pensando no futuro, com esperança de que tudo vai ficar bem. Vou falar de três músicas com esta abordagem: a superação, a conscientização e a libertação.

1) A Superação – Depois (Marina Monte)

Pra começar, nada melhor do que Marina Monte, até porque ela constou da lista dos temas sobre finais de relacionamentos que terminaram mal, com o suicídio depressivo de “O Que Me Importa”. Em “Depois”, música igualmente bonita e triste, Marisa canta um fim de relacionamento que, ao que parece, ela esperava que continuasse (“Depois de varar madrugada, esperando por nada, de arrastar-me no chão, em vão, tu viraste-me as costas, não me deu as respostas que eu preciso escutar”). Essas esperas, possivelmente, estavam relacionadas a uma traição, como indica sutilmente: “Meu bem, vamos ter liberdade para amar à vontade, sem trair mais ninguém”.

Mas, mesmo que este possa ter sido o motivo definitivo, ela reconhece falhas dos dois lados no relacionamento (“Depois de tantos desenganos, nós nos abandonamos como tantos casais”). Mas mesmo com as falhas, vem o reconhecimento de que o relacionamento teve seus momentos felizes registrados (“Nós dois já tivemos momentos, mas passou nosso tempo, não podemos negar. Foi bom. Nós fizemos história pra ficar na memória e nos acompanhar”).

Por tudo o que viveram, provavelmente, ela vai demonstrando como deseja o bem para o ex-companheiro (“quero que você seja feliz” / “quero que você seja melhor” / “quero que você viva sem mim”), mas sempre mostrando que o mesmo vale pra ela (“Hei de ser feliz também” / “Hei de ser melhor também” / “eu vou conseguir também”).

E, pra finalizar, a parte mais importante, claro, a superação do relacionamento: “Depois de aceitarmos os fatos, vou trocar seus retratos pelos de um outro alguém”. Mas, a música deixa claro que toda essa superação ocorre em fases, leva tempo. Não é nada imediato nem indolor, mas acontece, como bem encerra a música: “Hei de ser feliz também, depois”.

 

2) A Conscientização  – Você Vai Lembrar de Mim (Nenhum de Nós)

Essa música é muito linda e acho incrível a letra dela. Nesse caso, o que se vê é um caso típico de amor unilateral. Não que a outra pessoa não sinta nada pelo autor, muito menos que o rejeite ou sinta descaso. Mas, o amor é desproporcional entre os lados. E a música conta justamente do momento em que esse fato se torna claro para o autor.

Essa imagem para mim é belamente descrita no começo da música: “Quando eu te vejo, espero teu beijo. Não sinto vergonha, apenas desejo. Minha boca encosta em tua boca que treme. Meus olhos eu fecho, mas os teus estão abertos.”

E com essa conscientização vem a clareza de que o relacionamento não tem futuro, mesmo sem uma palavra ter sido dita: “Esse foi um beijo de despedida que se dá uma vez só na vida. Que explica tudo sem brigas e clareia o mais escuro dos dias.”

Claro que o fim do relacionamento não vem sem uma certa esperança de que podia ter sido uma história perfeita: “Tudo bem se não deu certo. Eu achei que nós chegamos tão perto”. Mas essa esperança não se sobrepõe ao entendimento do motivo do fim do relacionamento: “Mas agora com certeza eu enxergo que, no fim, eu amei por nós dois.”

Mas, como na música da Marina Monte, também há o reconhecimento das coisas boas que ficam do relacionamento: “Mas você lembra? Você vai lembrar de mim, que o nosso amor valeu a pena. Lembra? É o nosso final feliz. […] Você vai lembrar de mim.”

 

3) A libertação  – Where The Lost Ones Go (Sissel & Espen Lind)

Outra música linda, mais especial ainda pela linda voz de umas das minhas cantoras preferidas, Sissel Kyrkjebø. Apesar de ser um dueto dela com o Espen Lind (um dos compositores), eu vejo a música como uma só pessoa falando, não como uma conversa entre os dois.

Neste caso, ao contrário das outras duas músicas, quem canta é quem quer terminar o relacionamento. Mas este fim soa mais como uma libertação, de alguém que, parece estar perdido. Ao mesmo tempo em que demonstra estar sentindo a perda da outra pessoa (“I’m losing the love I found, crying without a sound”), entende que a outra pessoa não é a pessoa certa para ele: “Leave and let me go. You’re not meant for me, I know”). E, apesar de terminar o relacionamento, demonstra todo o carinho e preocupação pela outra pessoa que está dispensando: “I will think of you, I know ” / “I will be with you”  / “Carry on, you must stay strong”. 

A preocupação do autor com a felicidade da outra faz com que ele pareça mesmo desejar a ela que logo encontre outra pessoa: “Someone else will keep you warm, from now on. Someone else will keep you safe from the storm”. Ainda assim, ele diz que estará cuidando dela se ela precisar: “But I’ll be with you wherever you go, so you will never be alone.”

A sensação de confusão e incerteza na cabeça do autor aparecem no próprio título e refrão da música: “I’m going where the wind blows, going where the lost ones go.”

E a música termina com a triste despedida: “Leave and let me go. Baby, I can’t come along.
So carry on, carry on, you must stay strong.”

 

 

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