Temas musicais de relacionamentos que terminaram mal

Uma vez, fazendo jogo de palavras cruzadas, a palavra que tinha que informar era: “o principal tema de músicas de todos os tempos”. Na hora eu fiquei perdido. Pensei: como eu vou saber qual o tema  principal de todas as músicas que existem? Só depois que vi que a resposta era óbvia: amor. Claro, há músicas falando de tudo, mas o tema principal é claramente o amor. Mas, dentro deste tema, há diversos assuntos e formas de se falar de amor, dentre os quais, o tema deste post: finais de relacionamentos.

É lógico que qualquer final de relacionamento é uma situação normalmente triste. Mas esse evento pode acabar de maneira mais ou menos amigável e gerar sentimentos mais raivosos ou de maior compreensão.E esses sentimentos distintos se refletem nas composições musicais, e que serão tema deste e do meu próximo post.

Neste primeiro post, falarei sobre músicas que expressam sentimentos negativos causados pela separação. Esses sentimentos negativos em relação ao ex-companheiro podem atingir níveis diferentes: uma praga rogada, ameaças veladas, explosão de raiva, suicídio depressivo ou suicídio melodramático, como vemos nessas músicas que escolhi:

1) A praga – Detalhes (Roberto Carlos)

Essa música do Roberto Carlos é muito bonita e conhecida de todos. Sempre ouvi e cantei a música normalmente. Mas, um dia, ouvindo um especial em homenagem ao Robertão, o Pedro Camargo Mariano cantou essa música e, do nada, me deu o estalo de como essa música é, na verdade, uma praga rogada à ex-companheira. Basta ver as primeiras frases da música: “Não adianta nem tentar me esquecer. Duramente muito tempo em sua vida eu vou viver.” Tipo: eu vou te assombrar e você não vai ter paz!

Resumindo a letra, o que o cara diz é que tudo que a ex fizer, ela vai lembrar dele! E, além de mala, é presunçoso: “se um outro cabeludo aparecer na sua rua e isso lhe trouxer saudades minhas, a culpa é sua” e “não vá dizer meu nome sem querer à pessoa errada” (que o diga o Ross, de Friends… :D).

Enfim, se alguém tiver um Robertão desses como ex, muita paciência 😀

 

2) A ameaça velada – Ah! É Assim? (Wonkavision)

Sempre adorei essa música, de uma das minhas bandas preferidas, sobre a qual, aliás, já escrevi dois post (Wonkavision e Wonkavision 2). A letra é genial fala de um relacionamento que acabou por causa de traição (“Fácil não? Fingir brabeza pra escapar
da verdade que eu já sei que você já tem um outro”), o que, claro, gera a expressão clara de raiva (“Sempre fui só seu. Vadia”).

Então, o cara começa a sutilmente fazer ameaças à ex: “Então por que você jurou ficar comigo até morrer? Não ligue se isso acontecer assim, de repente…” Apesar de negar qualquer intenção maligna (“Veja bem, não pretendo matar ninguém”), a ameaça velada (pero no mucho) é estendida ao novo parceiro da ex: “Digo mais. Que se cuide esse rapaz. Sai todo o dia no jornal: ‘O acidente foi fatal'”.

Mas, lógico, pela letra, eu diria que o cara não faria nada. É só uma ameaça mesmo, de quem está no clima de raiva imediatamente pós-fim do relacionamento.

 

3) A explosão de raiva – Sexed Up (Robin Williams)

O que acho engraçado desta música é que ela é toda lenta e bonitinha em termos de melodia, do tipo que a pessoa liga na rádio pra pedir pra tocar dedicando ao namorado ou namorada. Mas, a letra da música, na verdade, é uma explosão de raiva, de quem está de saco cheio do relacionamento. Aliás, esta, ao contrário das outras músicas deste post, não fala de um relacionamento que terminou, mas sim do relacionamento que ele está terminando naquele momento (“Why don’t we break up? There’s nothing left to say / Make this the last kiss, I’ll walk away”). A falta de paciência e a perda de interesse com relação à ex também ficam claras: “I’m only here don’t shout it” / “It’s Saturday, I’ll go out and find another you.”

Mas o melhor da música é a forma direta, sem rodeios, com que ele expõe pra atual-quase-ex que tudo acabou: “Write me off your list / Let’s pretend we never met”, e principalmente, as pérolas: “Screw you, I didn’t like your taste anyway” e “I hope you blow away”.

O clipe da música não transparece tudo que está na letra, tirando umas caras do Robin Williams (na hora do “screw you”) e as mexidas de pescoço dele no estilo zumbi 😀

 

4) O suicídio depressivo – O Que Me Importa (Marisa Monte)

Essa música eu sempre tive uma imagem clara da história que ela conta. Vejo a mulher sentada na beirada do topo de um edifício, em depressão, pronta pra se jogar, enquanto o amado dela (que não a quis), tenta convencê-la a não pular, dando a entender que algo poderia acontecer entre eles. Olhem só a letra (esta vale reproduzir inteira):

“O que me importa seu carinho agora , se é muito tarde para amar você
O que me importa se você me adora, se já não há razão pra lhe querer
O que me importa ver você sofrer assim, se quando eu lhe quis você nem mesmo soube dar amor
O que me importa ver você chorando, se tantas vezes eu chorei também
O que me importa sua voz chamando, se pra você jamais eu fui alguém
O que me importa essa tristeza em seu olhar, se o meu olhar tem mais tristezas pra chorar que o seu
O que me importa ver você tão triste, se triste fui e você nem ligou”.

E, pra terminar, então, a despedida:

“O que me importa o seu carinho agora, se para mim a vida terminou, terminou, terminou….”

Pra mim, esse é o momento em que ela pula do prédio e começa a cair em câmera lenta, com um vestido esvoaçante, enquanto que o pianinho da música faz a trilha de fundo da queda…

E, convenhamos, meu videoclipe contando a história da música como descrevi ia ficar muito mais legal do que o clipe oficial….

 

5) O suicídio melodramático – Vestido Azul (La Oreja de Van Gogh)

O próprio arranjo dessa música, de uma das minhas bandas favoritas, já é meio melodramático. Nesse caso, o relacionamento terminou porque o cara arranjou outra namorada. A abandonada, que canta a música, na verdade, nem pede pra retomar o relacionamento. O que aparentemente ela reclama é que o cara nem se preocupou com o sofrimento pelo qual ela estava passando por ter sido trocada (“sólo una caricia me hubiera ayudado a olvidar que no eran mis labios los que ahora te hacen soñar” / “sólo una palabra se hubiera llevado el dolor […], hubiera bastado, mi amor”).

Mas, pelo conjunto da música, diria que seria improvável ela se contentar com isso, porque, como o cara não deu a mínima pra ela depois do fim do relacionamento, ela coloca seu vestido azul, que certamente marcou o relacionamento dos dois (“con el vestido azul que un día conociste”) e, da maneira mais melodramática possível, se mata: “Buena suerte en tu caminho. Yo ya tengo mi destino. Con mi sangre escribo este final”. E mesmo na despedida, ainda antecipa uma esperança de que ele a beije quando a vir morta (“me marcho sin saber si me besaste antes de irte”).

 

Até o próximo post.

2 comentários

  1. Afonso Celso · abril 19, 2016

    Genial! A gente ouve “no automático” até dar o estalo😃😃😃

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  2. Pingback: Temas musicais de relacionamentos que terminaram com esperança | Piano Branco

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