Queen+Adam Lambert em São Paulo

DSC05751

Depois de três meses desde meu último post no blog, e praticamente um mês e meio depois do show, finalmente aqui vai um novo post, sobre, claro, o show do Queen com o Adam Lambert em São Paulo, no dia 16 de setembro de 2015. Este deve ser o primeiro post da trilogia (Sampa+Rock in Rio+Porto Alegre) de shows do Queen com o Adam Lambert no Brasil (sim, como “fã…nático”, eu fui nos três).

Pra começar, antes de falar do primeiro show, em São Paulo, um histórico de como foi a preparação para os shows. Tudo começou quando anunciaram que o Queen+AL (OK, não é pra menosprezar o Adam Lambert, mas vou escrever Queen+AL, que fica bem mais fácil :D) iriam tocar no Rock in Rio. Assim que soube, começou a ansiedade e a animação de ver o Brian e Roger de novo ao vivo.

Meu primeiro papo foi com meu queridíssimo amigo Rafael, que já foi dando a ideia de cara: “se eles vão tocar no Rock in Rio, não devem fazer outro show no Brasil. Então, bora tentar acompanhá-los nos outros shows que devem fazer pela América do Sul? Afinal, eles já são sexagenários e sabe-se lá se não é a última chance de vê-los em turnê…” E eu, claro, topei na hora. Pensei: vamos de mochilão, fazemos qualquer sacrifício, mas vale a pena. Bem ou mal, já haviam se passado sete anos desde que eles tinham vindo pro Brasil com o Paul Rodgers. A ideia de ver um só show e esperar mais sete anos ou mais por outro não me deixava tranquilo… 😀

Mas, para nossa surpresa e felicidade (inclusive dos nossos bolsos), o Queen logo anunciou mais dois shows no Brasil, em São Paulo (antes do Rock in Rio) e em Porto Alegre (depois do Rock in Rio). Assumo que falei hiper mal das escolhas dos locais (não das cidades). Não me animava a ideia de ver shows deles em ginásios, por causa da acústica. Mas juro que não foi de bobeira. No show do Queen com o Paulo Rodgers em 2008, no ginásio poliesportivo do Rio de Janeiro (construído para os Jogos Pan-Americanos de 2007), o som estava péssimo. O Roger Taylor batia na caixa da bateria e eu ouvia o eco quase na mesma altura um tempo depois. Horrível mesmo. Aí, fiquei falando que, se fosse com o Freddie, ele não aceitaria fazer show em ginásio assim por causa da qualidade do som.  Pagando minha língua, já assumo que o som, tanto no Ibirapuera como no Gigantinho, estavam excelentes!

Enfim, ingressos comprados nos primeiros momentos em que foram disponibilizados, agora era aguardar pra ver de novo Brian e Roger tocando Queen. Os meses se passaram e, como diria Beto Guedes, entrou setembro e a boa nova andou nos campos 🙂 Apesar da vontade de ver o Queen, fato é que estava tão atolado de trabalho que bem fiquei pensando que preferia que os shows fossem um pouco mais pra frente, pra eu poder curtir tudo com mais calma. Mas, fato é que, se fosse mais pra frente, provavelmente estaria enrolado do mesmo jeito 😀

Neste clima, então, de muito trabalho e vida corrida, fiquei com um pensamento na cabeça: curtiria os shows de boa, sem estresse. Vou voltar um pouco na história pra vocês entenderem um pouco o que eu tinha na cabeça. Em 1992, o Brian May veio ao Brasil para fazer um show de sua carreira solo (turnê do excepcional álbum Back to the Light). O Brian passou três dias no Brasil, sendo que eu encontrei com ele nos três (no aeroporto, no hotel, no local do show). Então, tinha tido oportunidade de tirar fotos com ele, pegar autógrafos diversos, conversar com ele. Então, em 2008, quando o Queen+PR (também sem menosprezar o Paul Rodgers) veio fazer os shows no Brasil, é lógico que minha maior vontade era encontrar o Roger Taylor. Não só porque o Brian já tinha encontrado, mas também porque sou baterista graças ao Queen, ou seja, graças ao Roger. Passei minha vida tocando Queen na bateria, vendo cada detalhe do Roger tocando. Então, apesar de, lógico, querer ver o Brian, falava pra todos os meus amigos: “eu só quero duas coisas: tirar uma foto com o Roger e conseguir as baquetas dele”. Ao que todo mundo me respondia: “ahhhh, não quer mais nada, hein? Fala sério.” Bom, fato é que, após os três shows que fizeram (dois em São Paulo e um no Rio), terminei a série com minha foto com o Roger, autógrafos e com meu par de baquetas dele!!! Isso sem contar que encontrei também com o Brian, tirei mais fotos e peguei mais autógrafos (inclusive na minha guitarra cópia da Red Special). Enfim, estava realizado.

Voltando, então, isso tudo pra contar que, sem querer tirar onda, na correria que estava, pensei comigo: “já encontrei Brian e Roger, tirei fotos, peguei autógrafos, vi os shows grudados na grade do palco. Dessa vez, posso ficar mais relax. Vou pra curtir os shows, mesmo que seja pra ficar mais longe do palco, sem tentar encontrá-los pessoalmente”. E foi com essa ideia em mente que estava no dia do primeiro show desta turnê, em São Paulo.

Peguei a estrada de manhã de carona com a minha irmã, que também iria no show. Seriam quatro horas e meia de estrada até chegar em São Paulo, mas eu estava de boa. Afinal, tinha pensado em chegar no Ibirapuera umas 17h, sendo que o show seria 22h. Além disso, meu amigo Rafael, com quem combinei de encontrar no show, estava previsto para chegar em São Paulo por volta dessa hora. Minha irmã estava mais preocupada que eu com a hora de saída, mas falei que não tinha pressa, que tava com tempo pra chegar dentro do planejado.

Mas, ser fã é uma desgraça. Eis que, no meio da viagem ainda, olho o facebook e vejo uma foto do meu amigo Leandro no que, vi de cara, era a fila do ginásio do Ibirapuera! Isso era meio-dia! Na hora, mandei mensagem pra ele: “cara, você tá na fila?” E ele: “tô, tem umas 15 pessoas aqui”. Me bateu o desespero! Como assim já tem 15 pessoas? Aí já começou a me dar um embrulho no estômago. Passam-se 10 minutos e ele me manda uma mensagem: “tem umas 25 pessoas na fila”. Ah, pra que? A partir daí, parecia que eu tava hiper atrasado. Toda minha tranquilidade, aquela coisa de “ah, tudo bem, vou ficar relax e ver o show de longe” foi embora!!!! Tudo que queria era ter um teletransporte e sair direto na fila do Ibirapuera! Mas, como não tinha, o jeito foi tentar controlar como dava a ansiedade e seguir viagem, com a única mudança de já saber que, ao contrário do planejado inicialmente, assim que chegasse em Sampa, iria direto pro Ibirapuera.

Chegada em São Paulo, pra variar, independente de dia e hora, com trânsito, só pra aumentar a ansiedade. Mas, apesar da vontade de ir direto pro Ibirapuera, tinha que ir com minha irmã na casa da minha outra irmã descarregar o carro. Com paciência, chegamos lá, subimos com as coisas, me arrumei (camiseta, câmera fotográfica) e fui pro Ibirapuera.

Quando cheguei na fila, era por volta de 14:30h ou 15h, não lembro. Pelas minhas contas, devia ter umas 40 pessoas na minha frente, mas fiquei de boa. Na fila, o tempo foi passando entre conversas com fãs do Queen e do Adam Lambert, tendo conhecido pessoas muito queridas, como a Bruna, a Carolina (Carrie) e a Danyele, com quem pude compartilhar e continuo compartilhando esses momentos inesquecíveis :-). Tinha gente com fotos tiradas com o Brian, Roger e Adam, mas não me desesperei com isso. Pra não dizer que não tentei algo, quando chegaram os carros com os três, até fui atrás pra tentar vê-los, mas foi bem rápido e eles já entraram no ginásio. Voltei ao meu lugar na fila e esperei até abrir o portão, às 19h. Assim que entrei, fui direto pro lugar que queria, do lado direito do palco, bem na frente do microfone do Brian. A espera já tinha sido longa, mas agora “só” faltavam mais três horas.

Minhas irmãs e minha sobrinha chegaram para o show umas 20h, já que elas iriam de cadeira numerada e não precisavam chegar muito cedo. Pra aumentar a emoção, assim que chegaram, me ligam dizendo que não as estavam deixando entrar porque eu que comprei o ingresso e queriam que eu fosse lá mostrar minha identidade. Falei pra explicarem que eu tava grudado no palco e não tinha como sair. Tava P da vida, porque achei isso ridículo. Meu nome tava no ingresso, mesmo sobrenome das três. Iam achar o que? Que conseguiram um cambista que, por coincidência, tinha o mesmo sobrenome japonês pra vender ingresso pra elas?

Depois de um tempo, me ligam dizendo que não estavam deixando e que pediram pra eu tirar uma foto da minha identidade e mandar por whatsapp pra elas. Aí, tudo complica. Meu celular não tava mais conseguindo acessar internet. Pra piorar, a bateria estava acabando. Meu amigo Marco, guitarrista da primeira formação do que viria a ser minha banda tributo Bohemian Queen, que estava comigo, deu a ideia de eu “roubar” o wi-fi do celular dele. Na tensão, finalmente consegui enviar a foto.

Mas não adiantou nada. Me ligam de novo dizendo que não aceitaram e que só ia dar certo se eu fosse lá. P da vida e já imaginando que eu teria que voltar à ideia original de ver o show de longe, lá fui eu pedindo licença pra ir pra saída, num caminho que via sem volta. Cheguei na entrada, fui explicando a situação pra equipe e já reclamando do ridículo que era aquilo. A responsável apareceu então, pegou minha identidade e ia levar no portão de entrada onde elas estavam. Quando ela ia sair, minha sobrinha me liga dizendo que conseguiram entrar. Peguei minha identidade de volta, ainda reclamando, e voltei pra dentro do ginásio. Fui pedindo licença e passando, com olhares desconfiados sobre mim. Como tinha bastante gente sentada no chão, ainda, ficou mais fácil. Quando chegou perto de onde estava, e onde seria mais difícil alguém aceitar me deixar passar, tive a sorte de que as pessoas tinham acompanhado minhas conversas por telefone e eu tinha contado por que estava saindo. Então, me deixaram voltar ao meu lugar e ainda ficaram felizes que tudo tinha se resolvido 🙂

Agora, tudo que queria era que a próxima emoção fosse só por causa do show do Queen. E assim foi. Quando começou a tocar a “Track 13” (ou “Hidden Track”), do álbum Made in Heaven, uns 15 minutos antes das 22h, sabia que o show começaria pontualmente na hora prevista. O começo do show, com One Vision, a silhueta do Brian aparecendo gigantesca por trás da cortina do Queen, e a puxada triunfal da cortina deixando ver a banda já tocando com tudo, é de uma emoção indescritível. Tem que estar lá pra sentir.

Logo meu preconceito com relação ao Adam Lambert sumiu. Voltando na história de novo, acho que minha birra com o Adam começou logo após ele ter sido convidado a cantar com o Queen. Em uma entrevista que vi, fizeram alguma pergunta a ele que, na resposta, começou a gaguejar: “então, o….. o….. o…. o guitarrista…” Fiquei extremamente puto! Como assim? O cara é convidado pra cantar com o Queen e não sabe o nome do Brian May??? Pede pra sair!!!! Diria que 75% da minha birra com ele veio disso. Os outros 25% acho vieram de achar a voz dele meio fraca, de achar ele perdido no palco e de vê-lo errando letras e arranjos.

Mas, Adam conseguiu me surpreender realmente no show. Acho que ajudou o fato de que, pela birra que peguei, não vinha vendo vídeos de apresentações do Queen+AL. Com isso, acho que não vi a evolução dele no palco. O que vi no show foi um cantor com muita presença de palco e, principalmente, à vontade com o Queen e banda. Tive a sensação de que, diferentemente do que percebia antes, ele estava fazendo o que achava que tinha que fazer, curtindo realmente o show e fazendo a parte dele, sem deixar de saber o papel dele no contexto do show do Queen. O Adam é um artista e, como o Freddie, no palco desempenha um papel. A diferença é que, enquanto o Freddie desempenhava um suposto papel de macho man poderoso, o Adam é mais teatral e assume um papel mesmo de bicha glamourosa e extravagante, soando bem cômico com suas caretas e trejeitos. No quesito voz, apesar de realmente a foz do Adam não ter a potência incomparável da voz do Freddie, fato é que ele tem um alcance excepcional e canta bem demais. Enfim, gostei muito dele cantando com o Queen e o maior sinal disso foi que, pra mim,  ele começou o show como Adam Lambert e terminou o show como Adam, parceiro do Brian e do Roger 🙂 E mais, o Adam terminou o show com três fãs incondicionais dele na minha família, apaixonadas pela sua presença de palco.

Outro ponto de destaque do show foi, pra variar, o Brian. Ele continua tocando como sempre, fazendo os solos com a maior competência, sem diminuir a complexidade deles e correndo no palco com o maior pique (apesar de dar pra perceber que, na hora de descer os degraus da escadaria do palco, descia com mais lentidão e cuidado).

O que senti mais no show foi o Roger. Fiquei o tempo todo com a impressão de alguém cansado, sentindo o peso da idade. As vezes que ele passou na passarela do palco, todo mundo ali perto chamando por ele e ele seguia andando devagar, de cabeça baixa, apático. Na bateria, também o senti cansado, tocando com o menor esforço possível, sem grandes variações. Mas, claro, nada que comprometesse a qualidade do show.

Em relação ao set list, antes dos shows eu fiquei falando que sentiria falta das músicas do Queen com o Paul Rodgers, que eles tocaram em 2008, e que eu curto demais (tipo Cosmos Rockin’, We Believe, Say It’s Not True). Mas, fato é que, por não ter essas músicas, abriu-se mais espaço para mais músicas do Queen mesmo. Nisso, poder ouvir ao vivo músicas como Stone Cold Crazy, In the Lap of the Gods e Killer Queen. Além disso, foi bom ouvir ’39, principalmente porque não tocaram essa música nem no Rock in Rio e nem em Porto Alegre. Do Adam, a única música foi Ghost Town, que ficou muito boa, graças à guitarra do Brian (só depois fui ouvir a versão original e, convenhamos, achei bem sem sal).

Enfim, o show termina com mais uma realização de sonho, tendo cantado com o Queen, vibrado em cada solo do Brian, batido palmas em Radio Ga Ga e We Will Rock You. Emoção total e feliz de saber que ainda teriam mais dois shows pra ir. Pra não dizer que não tentei nada, saí do ginásio com meu amigo Marco e fomos ver se dava pra pegá-los saindo do ginásio. Mas, com celular morto, tendo reunião de trabalho no dia seguinte logo cedo e tendo a carona da minha irmã, resolvo abandonar e ir embora. Mas, coloquei pilha no Marco pra ir atrás deles no hotel pra tentar ver o Brian. Fiquei feliz quando ele me mostra mais tarde que conseguiu uma foto ao lado do Brian 🙂

Depois de tanta emoção, duro foi conseguir dormir. Mas, agora era esperar até o Rock in Rio…

Deixe um comentário