Queen+Adam Lambert no Rock in Rio (resenha e histórias)

Depois de uma demora bem maior do que esperava, finalmente posto agora sobre o segundo show da turnê do Queen com o Adam Lambert, desta vez no Rock in Rio. Neste segundo post, vou falar um pouco sob uma ótica um pouco diferente, mais voltada para uma análise do set list que o Queen+AL tocou.

Mas, começando de onde tinha parado, depois do show de São Paulo, fui direto pro Rio. O Queen+AL faria o encerramento do primeiro dia de Rock in Rio, dia 18 de setembro, após os shows de comemoração de 30 Anos do Rock in Rio, do The Script e do One Republic.

Para ir para a cidade do Rock, já havia comprado o RioCard especial do RiR com saída do Santos Dumont às 14h. Isso porque já tinha planejado trabalhar durante a manhã e só ir à tarde mesmo, ainda no mesmo esquema do tipo “não tô preocupado em ficar lá na frente, quero é ver o show e curtir”. Tanto que eu e meus amigos Leandro e Rafael estávamos programados pra chegar mais tarde na cidade do Rock, por motivos diferentes. E eu falei pra eles que não tinha problema, que a gente já tinha visto o show de São Paulo de pertinho e que no Rio era mais complicado mesmo, que o importante era que a gente ia estar juntos lá curtindo o show…

Então, às 14h peguei o ônibus no Santos Dumont pra Cidade do Rock. Pegamos muito trânsito, o que só foi bom porque eu aproveitei pra dormir boa parte da viagem, já que tinha dormido muito pouco desde o show de São Paulo. Cheguei na Cidade do Rock umas 15:30h, mas, mesmo sabendo que não tava pensando em ficar perto do palco, me deu um certo desespero de ver trocentas pessoas descendo dos ônibus e entrando na Cidade do Rock enquanto meu ônibus ainda estava no trânsito, querendo chegar no local de desembarque perto da entrada.

Finalmente desci do ônibus e entrei na Cidade do Rock. Logo na entrada, uma selfie obrigatória na frente do símbolo do Rock in Rio. Aí, tinha planejado que chegaria, veria onde era o palco principal, pra já ficar atento e depois ia ficar rodando por lá, vendo o que tinha de atração. Como no plano, assim que cheguei, vi onde era o palco principal, onde o Queen iria tocar. Só que, para a minha surpresa, eu conseguia ficar quase grudado na grade, só com uma fileira de pessoas na minha frente, bem colado na passarela do palco e, ainda, do lado onde o Brian fica (que é sempre o melhor lado). Aí, de novo, toda a história de “não tô nem aí pra ficar perto do palco” foi embora. Fui direto pro banheiro pra já fazer xixi logo e voltei pro meu lugar perto da grade, pronto pra não sair mais dali.

De cara, já conheci uma galera fã do Queen muito gente boa, como o Cezar, o Daniel e o Marcus Felipe. Mas, além dos fãs do Queen (por ali, pelo menos no grupo, nenhum fã do Adam), fiquei impressionado com a quantidade de fãs da banda The Script, que seria a primeira banda da noite, depois do show de comemoração de 30 anos do Rock in Rio. Eu, pra falar a verdade, nunca tinha ouvido falar da banda e nem sabia que iam tocar nesse dia. A Laís, fã maior querida do The Script, me perguntou como eu não sabia que eles iam tocar, e eu respondi que só sabia que ia ter Queen e isso foi o que me bastou pra ir naquele dia 😀

Enfim, aproveitei o conhecimento profundo da Laís e fui perguntando tudo sobre o The Script, de onde eram, que música tocavam, quantos discos tinham lançado, etc. Fiquei interessado em ouvir o som da banda e, no final, gostei bastante do show deles. Mas, o melhor ainda estava por vir. A Laís avisou que ela, o namorado e a galera que estava ali tinham ido pra ver o show do The Script mesmo e que, depois desse show, iriam liberar a grade pra gente.

Esperamos todos então pelo primeiro show, que finalmente começou com o tema de abertura do Rock in Rio. O primeiro show de 30 Anos pra mim foi fenomenal. Me acabei de cantar. E foi uma emoção especial viver um pedaço do que não pude viver em 1985, mas que sempre tive aquele gostinho de “putes, como eu queria estar ali”, principalmente ver e cantar com a Blitz “Você Não Soube Me Amar”, com o Evandro jogando aquela bola gigante para o público, e “A Dois Passos do Paraíso”, e curtir Paralamas tocando Óculos. No palco passaram Frejat, Skank, Titãs, Ivete Sangalo, Dinho, Andreas Kisser (o maior arroz de festa da música brasileira), Erasmo Carlos, Jota Quest, Ney Matogrosso e Ivan Lins. De todos, o único que realmente me pareceu totalmente deslocado foi o Ivan Lins. Ah, e um detalhe à parte foi ver o Ney Matogrosso ao vivo dançando. Só conseguia lembrar do Didi imitando ele nos Trapalhões. Igualzinho :DDDDD

Depois veio o show do The Script. Considerando que até poucas horas antes nunca nem tinha ouvido falar dessa banda, por contágio da Laís e dos outros fãs que estavam ali, acabei ficando ansioso. Sem contar que eu já estava com a minha bexiga (bola, para os cariocas) verde, para levantar na música Paint the Town Green, conforme instruções recebidas dos fãs 😀 Falando sério, foi muito legal ver um monte de gente hiper fã de uma banda que nem conhecia, mas cujo sentimento eu conheço bem! Ver o pessoal mostrando fotos com os membros da banda, autógrafos, tatuagens relativas à banda e chorando no show, cantando feito malucos, só quem é fã entende. E isso tudo me fez curtir muito mais o show do The Script.

O show seguinte foi do One Republic. Gostei demais do show. Me chamou muito a atenção a qualidade instrumental dos caras, principalmente do vocalista, Ryan Tedder. Um detalhe muito legal foi quando ele falou que logo o Queen estaria ali e contou que os membros da banda estavam honrados de tocar naquele palco, porque eles eram fãs do Queen. Pra provar, mostrou o braço do guitarrista, com uma tatuagem do Queen 🙂

Enfim, chegou a hora do principal. Foi muito bom poder acompanhar a montagem do palco específico do Queen. Um caso à parte foi a cortina com a logo do Queen. Normalmente, nos shows da turnê Queen+AL, a cortina já está ali, esticada na frente do palco, quando a gente entra no ginásio. No caso do Rock in Rio, como o Queen+AL era um dos shows, mas não o único, a cortina estava recolhida na parte de cima enquanto rolavam os outros shows. Quando ia começar o do Queen, os técnicos subiram e jogaram a cortina para baixo para esticar. Mas, como Murphy nunca falha, uma parte da cortina ficou enroscada. Aí vai o registro desse momento.

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Pra soltar, um técnico homem-aranha teve que escalar ali em cima e conseguiu esticar a cortina. Agora era só esperar o início. Com tudo pronto, soltaram a gravação com a Track 13, música escondida do álbum Made in Heaven, que é tocada nos momentos finais de ajuste do palco, pra ser já emendada com a introdução de One Vision, que dá início ao show.

Começa, então, finalmente, a introdução de One Vision e a emoção vai a mil. Dois detalhes diferentes desse início no show do Rock in Rio. Primeiro, nos shows, o Brian dá os primeiros acordes na guitarra com sua sombra refletida na cortina, que ainda está esticada na frente. Com o jogo de luzes, a sombra do Brian praticamente toma a cortina de cima a baixo. Mas, no Rock in Rio, como o palco não era o palco do Queen, a sombra do Brian na cortina acabou ficando bem menor, provavelmente por conta das distâncias diferentes do palco e de onde fica a projeção da luz.

A segunda diferença desse início foi que, novamente, como o palco não era específico do Queen, ao invés de, na abertura, a cortina ser puxada rapidamente para cima, num efeito magnífico, no Rock in Rio a cortina simplesmente foi solta da parte de cima, até cair inteira no palco. Aí, rapidamente entraram vários assistentes no palco pra pegar a cortina no braço e levar embora pro lado do palco 😀

Esses dois momentos estão registrados no meu vídeo do show:

Como havia mencionado no começo, vou fazer uns comentários sobre cada música do set list do show no Rock in Rio, que foi esse:

Setlist Rock in Rio.jpg 

One Vision

Em One Vision, uma coisa interessante é que o Rufus Taylor, filho do Roger, e que está na banda de apoio como percussionista (e baterista eventual), ajuda muito o pai. No primeiro solo de guitarra, por exemplo, a parte rápida no contratempo (chimbal) da bateria quem faz é o Rufus, enquanto que o Roger segue tocando no mesmo ritmo normal da música.

Um detalhe que acho realmente uma pena é que o Brian não canta mais a parte que caberia a ele (“But a cold Wind blows and a dark rain falls”). Só não consegui definir quem é que tá cantando essa parte (pode ser o Spike Edney ou o Neil, baixista).

Uma última curiosidade foi que, estranhamente, o Brian deu o último acorde da guitarra pra terminar a música antes do resto da banda.

Stone Cold Crazy

Essa versão ficou impecável! O Adam cantou hiper bem e o som ficou pesado como deveria.

Another One Bites the Dust

Achei que a interpretação do Adam para a música ficou realmente muito boa.

Fat Bottomed Girls

Nessa música, o Brian toca sua Red Special verde (ou seria sua Green Special? :D), com a câmera na ponta. É uma diversão, porque o Brian sai apontando a guitarra pra todo mundo da banda, que acaba aparecendo no telão. Um detalhe interessante que muita gente talvez não saiba é que essa guitarra já é afinada meio tom abaixo do normal. Por isso ela só é usada nessa música.

Seven Seas of Rhye

No final da música, alguém dá aquele agudo típico do Roger, mas fiquei com a impressão que não foi o Roger. Não sei quem fez.

Killer Queen

Nessa música, o ponto alto sem dúvida é atuação teatral do Adam. A lambida no microfone quando canta “wanna try” é a cara do Adam. E não dá pra não falar do solo da música, que é fenomenal!

Don’t Stop Me Now

Diria que o ponto alto foi o público cantando tanto no início como no final da música. Simplesmente de arrepiar!

O solo dessa música também é dos mais incríveis do Brian. E o Roger mandou hiper bem. Essa música é cansativa pra tocar na bateria, mas nosso velho Roger segurou as pontas e mostrou que o Papai Noel ainda tem muito pique.

I Want to Break Free

De novo, destaque para o público cantando a música! Foi foda!

Somebody to Love

O estilo do Adam de cantar se encaixa muito bem nessa música. Acho que é das músicas em que ele consegue se soltar mais em termos de interpretação vocal.

Love of My LIfe

Essa eu sabia que seria emocionante. Já tinha imaginado a cena. Não tem como não lembrar do Freddie no primeiro Rock in Rio. Então, reviver aquele momento único, vendo o Brian bem em frente de mim tocando Love of My Life foi magnífico. Quando o Freddie apareceu no telão cantando, então, foi de arrepiar, uma emoção indescritível. Fiquei imaginando o Freddie ali fazendo o show, mas a sensação era um misto de felicidade de imaginar isso e de tristeza de saber que não tem como ver um show ao vivo com o Freddie.

Atrás de mim tinha uma menina que, durante toda a música, chorou compulsivamente! Nem olhei pra trás porque estava vivendo minha emoção. Mas do jeito que a menina soluçava, juro que acho que ela nem conseguiu cantar e nem ver muita coisa 😀

A Kind of Magic

Essa foi especial, porque o Queen só tocou no Rock in Rio. Não fez parte do set list nem de São Paulo, nem de Porto Alegre.

Nessa música, o Rufus assumiu a bateria, liberando o pai pra cantar na frente do palco. Uma coisa que me chama a atenção é como o Roger nunca parece muito à vontade só cantando. Pra não ficar tão perdido, acaba pegando o pandeiro ou fica tocando bateria com a mão na perna.

Drum Battle

O duelo foi curto nesse show. Engraçado só que o Rufus fez sinal logo no começo de que não estava conseguindo ver direito o Roger na bateria lá na frente do palco, por causa do gelo seco.

Under Pressure

É genial o início com o Roger sozinho na frente, com o Adam depois e finalmente o Brian no final se juntando a ele. Nesse e em todos os shows no Brasil, me chamou a atenção a sintonia do Adam com o Roger. Muito bom.

Save Me

Essa foi a mais complicada, com a banda se perdendo no tempo no começo da música. Na hora, fiquei certo de que o Roger que tinha errado e entrado no refrão antes do tempo. Mas, depois vi o vídeo do show e cheguei à conclusão de que, pelo contrário, só o Roger estava certo. Isso porque dá pra ver no vídeo que o Roger começa a marcar tempo no trecho “years of care and loyalty”. Mas, enquanto ele marca o tempo, o Adam dá uma atrasada na sua interpretação (na parte “we lived a lie”). Aí, o Roger começa a música no tempo que ele estava marcando, enquanto que o Adam segue o tempo que ele tinha estabelecido com o vocal. O Brian ia seguir o Adam, mas quando viu que o Roger já tinha entrado, se segurou e nem tocou guitarra e nem cantou. O Adam parou de cantar e foi pra perto do Roger. Quem salvou foi o Spike no teclado e o Neil no baixo, que fizeram a melodia que todos seguiram pra retomar a música.

Mas, com relação ao erro, dei uma pesquisada em outros shows da turnê e, aí, voltei a achar que o Roger não tava tão certo. A questão é que em nenhum show o Roger começa a marcar o tempo como ele fez no Rock in Rio. Nos outros shows, o arranjo é como era com o Freddie, ou seja, o Roger só marcava o tempo imediatamente antes de entrar o refrão. E nesse formato, o Adam poderia fazer firulas sem problema com o tempo.

Enfim, minha conclusão é que tanto o Roger como o Adam erraram. O Roger porque começou a marcar o tempo antes da hora, de forma diferente do que eles fazem normalmente. Mas o Adam errou de não ver que o Roger já estava marcando o tempo e que, portanto, ele devia seguir isso. Não sei se tem relação com isso ou não, mas fato é que Save Me não fez parte do set list em Porto Alegre.

Mas, o Adam errou sozinho o tom da música quando cantou o trecho “far from home” logo antes do solo de guitarra. Errou o tom e aí ajustou.

Save Me também é o momento de descanso do Brian, que toca a música sentado num banquinho.

Ghost Town

 Antes de começar a música, a iniciativa do Brian de perguntar ao público o que achava do “new boy” pegou o Adam desprevenido. Deu pra ver que o Adam ficou sem graça, mas, sem dúvida, muito feliz, tanto pelo gesto amigo do Brian como pela resposta positiva do público.

Essa música é muito boa, mas, pra mim, só com o arranjo do Queen. Acho o arranjo original do Adam muito sem graça. Já com o peso da guitarra do Brian e a marcação do Roger a música tem outra pegada.

A percussão do Rufus nessa música ficou excelente, principalmente as maracas.

Who Wants to Live Forever

É das minhas músicas preferidas. Me lembro sempre do filme Highlander e das cenas do McLeod vendo a mulher envelhecer, enquanto ele permanece jovem. E a interpretação do Adam fez jus à beleza da música.

Last Horizon

Simplesmente impecável. Exemplo perfeito de como música não precisa de letra pra emocionar.

Guitar solo

Os solos que o Brian fez no Rock in Rio deram todos certos. Volta e meia, na improvisação, algumas coisas saem estranhas. No Rock in Rio, Brian estava inspirado 🙂

Show Must Go On

Tudo perfeito na música. Bela interpretação do Adam.

I Want It All

Nessa o Adam errou a letra. Aliás, ele tem problema com essa, porque em São Paulo também tinha errado feio.

Radio Ga Ga

Destaque pro público cantando sozinho e, claro, batendo palmas como no vídeo. Um detalhe que gosto muito com o Adam é o último “You” que ele canta, a la anos 50, tipo The Platters.

Crazy Little Thing Called Love

Destaque para as interpretações do Adam como Elvis e a Red Special semi acústica do Brian. Eu quero uma!!!!

Bohemian Rhapsody

Além de simplesmente ser Bohemian Rhapsody, mais uma vez o Freddie aparece no telão pra cantar uma parte da música. E, aí, não tem como não se emocionar de novo e imaginar o que seria o show com o Freddie ali no palco…

We Will Rock You

Poder bater palma no ritmo da música e cantar a plenos pulmões “we will rock you” é uma experiência única!

We Are the Champions

É a apoteose, momento de êxtase total. Só dá vontade de rebobinar o show e começar tudo de novo.

Mas, pelo menos pra mim, sabia que ainda teria Porto Alegre…

To be continued….

 

 

 

2 comentários

  1. Pedro Sodré · maio 3, 2019

    Excelente artigo!! Descobri seu blog hoje e já curti algumas histórias e relatos sobre o Queen!! Parabéns e espero que haja muito mais relatos e curiosidades sobre minha banda preferida haha
    Obs: Apenas uma correção sobre o relato da música Fat Bottomed Girls. A guitarra que o Brian usa não está meio tom abaixo e sim em Drop D, que quando se afina a sexta corda 1 tom abaixo e as demais permanecem na afinação padrão. Isso faz com que a guitarra soe mais “pesada”.

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    • Kiko / Marcos Imamura · maio 4, 2019

      Cara, fico super feliz que tenha gostado do post e do blog! Obrigado! E se vc é fã do Queen, acho que já viu que volta e meia vai ter alguma coisa sobre eles 🙂 Infelizmente tenho tido pouco tempo e cabeça para postar. Mas, espero que em breve já tenha um novo post por aqui.

      E super obrigado pela explicação sobre o Drop D. Eu, na minha ignorância, tinha entendido errado! Super explicação! Valeu o ensinamento! Ah, e como já vi que vc entende do assunto, estou organizando um evento sobre a Red Special. Se tiver interesse, me avisa!

      Abraços!

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